Da Europa ao Nordeste Brasileiro; das trovas aos cordéis virtuais.
“O Cordel é expressão em poesia,
Do artista que vem do interior
E expõe seus problemas, sua dor,
Arquiteta a própria mitologia,
Num resgate a sua cidadania,
Seduzir através de seu repente,
Usa crítica em tom irreverente,
Num trabalho tão rico e atrevido,
O cordel corre sangue nordestino,
Tem a alma do povo e a voz da gente”.
Fiapo de Cordel em estilo Martelo Agalopado – Ronilson Araújo.
Fruto da Europa, quando trovadores na Idade Média divulgavam velhas histórias nas praças, em textos memorizados e cantadas por cegos em troca de esmola, as chamadas Folhas Soltas se consolidaram na Península Ibérica, para ressurgir depois como Romanceiro Peninsular, romances de cavalaria que contavam as epopéias do rei Carlos Magno e dos Doze Pares de França ou de Amadis de Gaula. Narrativas de heroísmo, guerra, amor, viagens e conquistas marítimas, além de fatos do cotidiano, eram os temas preferidos do público. Trazidas para o Brasil no século XVII, na bagagem dos colonos portugueses e espanhóis, as histórias eram decoradas por quem sabia ler, transmitida de forma oral e transformada pela memória do povo.
Escala: Rio de Janeiro
“Apesar de ter se originado em Portugal, sempre vejo o cordel como uma coisa brasileira”, afirma Samuel Grillo, 23 anos, morador do Rio de Janeiro. Ele teve seu primeiro contato com o Cordel ainda no Ginásio. Apesar de nunca ter comprado nenhum livreto, já ganhou alguns títulos de presente e sabe onde pode comprar publicações em sua cidade. “Aqui no Rio, é possível encontrar com facilidade, na Feira dos Nordestinos, carinhosamente apelidada de “Feira dos Paraíbas”, no bairro de São Cristovão e no site da ABLC – Associação Brasileira de Literatura de Cordel”.