Recifense assustado com risco de greve de ônibus

Todas as atenções estão voltadas para a reunião promovida pelo Sindicato dos Rodoviários Urbanos desde as 14 horas. Eles pretendem informar em assembléia aos 14 mil cobradores e motoristas de ônibus da Região Metropolitana do Recife, o resultado das negociações com os proprietários das empresas de ônibus, ocorrida hoje pela manhã, na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), sobre a proposta de aumento salarial da categoria que contou a presença de representantes da Empresa Metropolitana de Transporte Urbano (EMTU), do Sindicato dos Rodoviários, Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Setrans) e da Federação dos Usuários de Ônibus.

Diante de um novo impasse, a categoria pretende retomar a greve por tempo indeterminado, prejudicando os cerca de 1,7 milhão de usuários com a paralisação dos 2.700 ônibus que circulam em 354 linhas na Região Metropolitana do Recife. O Sindicato reinvindica um aumento salárial de 12,88%, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), enquanto os patrões oferecem um aumento de 4%, em duas parcelas, proposta repudiada pelos trabalhadores.

A greve de advertência ocorrida na última sexta, dia 20/06, teve adesão de 90% da frota segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários Urbanos de Passageiros do Recife e Regiões Metropolitana, da Mata Sul e Norte de Pernambuco (STTREPE) e provocou muitos transtornos, engarrafamentos, tumultos, depredações, coletivos lotados e muita espera nas paradas. Parte da população foi forçada a usar kombis mais caras ou táxi para chegar ao trabalho, apesar de algumas empresas utilizarem ônibus extras para atender a demanda. Situação que deve se repetir se a greve recomeçar.

Para os patrões, o reajuste seria impraticável por conta do aumento geral de custos, da elevação dos preços dos combustíveis e do preço das tarifas abaixo do valor ideal, reduzindo a receita e o fluxo de caixa. Mas o risco de reajuste das tarifas, em consequência da greve, já foi descartado por representantes da EMTU. O último aumento, de 8,59%, entrou em vigor em janeiro deste ano. Por outro lado, os trabalhadores, ao iniciarem uma greve, deixariam para a Justiça do Trabalho, o poder de decidir sobre o valor final de reajuste dos salários e o fim da paralisação.

Essa situação caótica de greves de ônibus se repitiu em diversas capitais do país, nas últimas semanas. Em Fortaleza (CE), a greve começou em 06 de maio último, com rebeliões, tumultos e bloqueios das estradas. Eles continuaram a greve, mesmo depois do Ministério Público do Trabalho (MPT) declarar ilegalidade. A Polícia Militar chegou a intervir para garantir a circulação dos ônibus. A greve tornou-se ilegal por não cumprir os requisitos necessários, como aviso prévio de 72 horas e percentual mínimo de 30% dos veículos circulando. Em 12 de maio, começou uma greve de ônibus em Vitória (ES) e, no dia 19, foi a vez de São Paulo (SP) enfrentar essa triste situação. Em junho, a greve atingiu Salvador (BA) paralisando cerca de 2,5 mil ônibus. A movimentação nacional de cobradores e motoristas de ônibus em diversas capitais receberam apoio do Conselho Nacional de Lutas (Conlutas).

O risco de greve no Recife, acontece no momento em que a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) está prestes a deixar de existir para formar o novo Consórcio Metropolitano de Transportes Urbanos, a primeira experiência de consórcio no setor de transporte de passageiros em todo o País. Certamente, uma das primeiras preocupações da nova Instituição será lidar com o risco de greve e das reivindicações dos cobradores e motoristas de ônibus da cidade.

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